Muitos entendem que estudar História serve apenas para conhecermos fatos ocorridos no passado e sem qualquer relação com nossa realidade. Porém, o estudo de História vai muito além disso.
Para que se possa fazer uma análise mais completa do presente, é importante saber e refletir sobre a sequência e o encadeamento da fatos históricos, as conjunturas econômicas, sociais e políticas e as visões de mundo de determinada época que se relacionam com as realidades atuais.
O que é História?
História é uma palavra de origem grega "historie" e significa "conhecimento através da investigação". A História como ciência investiga o passado da humanidade e sua evolução, tendo como referência um lugar, uma época, um povo ou um indivíduo específico.
Por que estudar História?
A história como área do conhecimento estuda as produções culturais desenvolvidas ao longo do tempo. A cultura inclui tudo aquilo que fazemos em termos materiais e imateriais. Abrange línguas, instrumentos, saberes, costumes etc.
Para que serve estudar História?
Os historiadores investigam o que mulheres e homens fizeram, pensaram e sentiram no decorrer de suas vivências, no cenário de suas culturas. É função dos historiadores interpretar as experiências humanas ao longo do tempo. Refletindo sobre essas interpretações, podemos adquirir consciência dos feitos passados para, através da compreensão do presente, projetarmos o futuro.
Refletindo historicamente, é possível perceber que a realidade social é uma construção cultural dinâmica que está sempre disponível a mudanças.
A História e o historiador, não pregam uma verdade absoluta. Fatos e acontecimentos históricos são passíveis de novas visões e interpretações.
Para explicar os fenômenos históricos, os historiadores interagem com outros campos de conhecimento, como a Antropologia, a Filosofia, a Linguística e a Sociologia.
Fontes históricas
As fontes históricas podem ser classificadas de várias maneiras: recentes ou antigas, privadas ou públicas, representativas da cultura material ou imaterial etc. Podem ser classificadas também em fontes históricas escritas ou não escritas:
*Fontes escritas - cartas, letras de canções, livros, jornais, revistas, documentos públicos ou particulares.
*Fontes não escritas - registros da cultura material, como vestimentas, armas, utensílios, pinturas, esculturas, construções, músicas, filmes, fotografias, depoimentos orais etc.
Durante muito tempo (século XIX) as
principais fontes ou documentos históricos utilizados pelos historiadores eram
os textos escritos, sobre tudo os de origem oficial, emitidos pela
administração do estado: certidões de nascimento, atestados de óbito, acordos
diplomáticos, cartas entre governantes, leis, normas jurídicas etc.
Os historiadores valorizavam bastante
essas fontes escritas. Acreditavam que havia uma verdade absoluta sobre o
passado. Partindo da pesquisa e do estudo, buscavam fornecer uma versão única e
definitiva de um acontecimento.
Hoje os historiadores consideram a
existência de vários relatos para um mesmo acontecimento. Reconhecem que há muitos pontos de vista
diferentes sobre o mesmo fato. Todos são parciais porque mostram a visão de
cada grupo, como cada um olhou a mesma situação e a avaliou com base em seus
critérios e interesses.
Essa mudança provocou uma reviravolta no
estudo da história. Não se valoriza tão somente a visão das elites, daqueles
que escreviam os documentos oficias, mas dos operários, mulheres, crianças,
escravos, indígenas... as vozes desses novos personagens aparecem em muitos
tipos de fontes além das escritas: desenhos, pinturas, fotografias,
lendas...
Tudo e todos passaram a produzir o
conhecimento histórico.
Sujeito histórico
Por muito tempo foi considerado somente pessoas consideradas "importantes", como reis, generais e políticos. Acreditava-se que somente personagens de destaque determinavam os rumos da história.
Nas ultimas décadas, porém, os historiadores mudaram essa concepção e passaram a considerar sujeito histórico toda pessoa que, individualmente ou em grupo, participa do processo histórico.
Tempo histórico
Tempo cronológico é o tempo definido pelos relógios e calendários. Os historiadores se utilizam do tempo cronológico para marcar os fatos históricos.
O tempo histórico relaciona-se à duração dos fatos históricos, que pode ser de curta, média ou longa duração. Os fatos de curta duração correspondem a um momento preciso, como o nascimento ou morte de uma pessoa, uma greve ou assinatura de uma lei. Estes fatos referem-se, principalmente, ao plano político, como um golpe de Estado ou a renúncia de um presidente.
Os fatos de média duração referem-se a conjunturas políticas ou econômicas, como o período de intervenção civil-militar no Brasil (1964-1985) ou a Guerra Fria (1945-1991), geralmente situações vivenciadas por uma geração. Os fatos de longa duração se ocupam de comportamentos coletivos enraizados, de crenças ideológicas e religiosas, articulando-se à história cultural e das mentalidades. São exemplos desse tipo de fato a presença do cristianismo no mundo ocidental e proibição do incesto.
Periodização da História
Para facilitar os estudos do passado, alguns historiadores dividiram o tempo histórico em cinco períodos, tomando como base a história europeia.
*Pré-história - 2 milhões de anos. Aparecimento do gênero Homo.
*Idade Antiga - 4.000 a.C. Invenção da escrita.
*Idade Média - 476 queda do Império Romano do Ocidente.
*Idade Moderna - 1453 tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos.
*Idade Contemporânea - 1789 Revolução Francesa.
Não existe um único calendário para todos os povos. Cada um tem sua própria forma de marcar o tempo, que geralmente se relaciona a um acontecimento importante para a sua cultura.
Os cristãos, por exemplo, baseiam o calendário que adotam no ano do nascimento de Cristo. Esse acontecimento marca o primeiro ano do calendário cristão. Os anos anteriores ao nascimento de Cristo são contados de forma decrescente e vêm acompanhados da sigla a.C. (antes de Cristo). Os anos posteriores ao nascimento de Cristo são identificados com a sigla d.C. (depois de Cristo). Nesse caso, no entanto, não é necessário colocar a sigla após o ano.
No judaísmo, o calendário se inicia na data em que, para os judeus, deus criou o universo. Esse fato teria ocorrido no ano 3760 a.C. do calendário cristão.
Para os muçulmanos, o marco inicial do calendário é a fuga do profeta Maomé de Meca para Medina, ocorrido no ano 622 do calendário cristão.
outros povos também criaram seus calendários. Os maias, que habitavam o sul do México e parte da América central, por exemplo, usavam dois calendários. Um era religioso e tinha 260 dias. O outro era solar, com 365 dias.
Muitos povos indígenas que vivem na Amazônia brasileira também desenvolveram seus próprios calendários. Alguns grupos marcam o tempo observando as constelações, as fases da Lua e os fenômenos naturais, como as cheias dos rios e as secas. Com base então, nos ciclos da natureza, essas comunidades planejam as épocas do plantio, da colheita, da pesca e dos rituais religiosos.
O século: conjunto de cem anos
O calendário cristão pode também ser organizado em séculos. O primeiro século da era cristã estende-se da data estimada para o nascimento de Cristo (ano 1) até o ano 100.
Para descobrir o século, podem ser utilizadas duas operações:
*Se o ano caba em 00, basta eliminar os zeros e temos o século.
Desta forma:
1400 = século 14 ou IV;
1700 = século 17 ou XVII;
2000 = século 20 ou XX.
* Quando o ano não termina em dois zeros, retiramos os dois últimos algarismos e somamos um (+1) ao número que sobrar.
Desta forma:
1595 = 15 + 1 (século 16 ou XVI);
746 = 7 + 1 (século 8 ou VIII);
2017 = 20 + 1 (século 21 ou XXI).
O dia e o ano são unidades de tempo baseadas na natureza. O dia corresponde, aproximadamente, ao tempo que a Terra leva para dar uma volta completa em torno de si mesma (movimento de rotação). O ano corresponde ao tempo em que a Terra leva para dar uma volta completa em torno do Sol (movimento de translação). O século, ao contrário, é uma unidade de tempo que não corresponde à duração de nenhum fenômeno da natureza. Ele é muito utilizado pelos historiadores para localizar acontecimentos sobre os quais não se tem uma data precisa.
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