quarta-feira, 1 de abril de 2020

O povoamento da América

A Teoria Clóvis, formulada na primeira metade do século XX, é uma das explicações para a ocupação do atual continente americano pelos primeiros seres humanos. De acordo com essa teoria, há cerca de 15 mil anos, durante o mais recente Período Interglacial, as águas dos oceanos baixaram drasticamente e grupos de caçadores-coletores teriam saído da Ásia, atravessado o estreito de Bering e chegado ao atual Alasca, na América do Norte. Do Alasca, os seres humanos teriam alcançado a América do Sul entre 10 mil e 12 mil anos atrás. 
O pesquisador brasileiro Walter Neves afirma que uma onda de migração humana pelo estreito de Bering pode ter tido origem na África, além de outra de origem asiática. Sua teoria baseia-se em estudos arqueológicos posteriormente confirmado pelo exame de um crânio feminino encontrado em 1975, em Lagoa Santa (MG), ao qual foi dado o nome de Luzia. 


Entretanto, descobertas arqueológicas do final do século XX identificaram vestígios da presença humana no continente americano de até 50 mil anos atrás.Esses estudos são resultantes, principalmente, das pesquisas coordenadas pela arqueóloga brasileira Niède Guidon na região de São Raimundo Nonato (PI). Ela defende que a ocupação do continente americano se deu por diversa levas de grupos humanos e por diferentes caminhos, inclusive pelos oceanos. No entanto, nem todas as premissa levantadas pela arqueóloga são aceitas pela comunidade científica. Alguns estudiosos afirmam, por exemplo, que os carvões com 18 mil anos encontrados pela arqueóloga seria resultado de combustão natural, e não um indício de uso do ser humano. Essas divergências indicam que o conhecimento humano é transitório, pois muda conforme se desenvolvem novos estudos e pesquisas. 

Sítios arqueológicos no Brasil


    
 Entre 1834 e 1844, o naturalista dinamarquês Peter Lund se dedicou a estudar as cavernas da região de Lagoa Santa, em Minas Gerais, onde encontrou milhares de fragmentos de ossos fossilizados de animais, além de alguns fósseis humanos. 
Um século depois, os pesquisadores já identificaram cerca de 20 mil sítios arqueológicos pré-históricos no Brasil, nos quais foram encontrados objetos de pedra e cerâmica, esculturas e restos de alimentos de milhares de anos. Esses vestígios ajudam a reconstruir hábitos e costumes dos primeiros ocupantes de nosso território (uma das mais importantes fontes desses estudos são as pinturas rupestres). Entre os sítios arqueológicos, os pesquisadores já localizaram também, em trechos do litoral brasileiros, muitos sambaquis. 

Os sambaquis 


 Acredita-se que, entre 7 mil e 6 mil anos atrás, estabeleceram-se no litoral brasileiro povos que viviam da caça, de recursos marinhos e da coleta de frutas e raízes. Esses povos, entre outras características, adquiriram o costume de empilhar as conchas dos moluscos coletados junto com restos de comida, ossos de animais e ferramentas. Aos poucos, essas pilhas se transformaram em grandes elevações, algumas com mais de 20 metros de altura, chamadas concheiros ou sambaquis (palavra tupi que quer dizer 'amontoado de mariscos'). Nessas elevações, as pessoas construíam suas moradias e enterravam seus mortos. 
Os sambaquis são encontrados em vários trechos do litoral brasileiro. Os povos dos sambaquis desapareceram por volta de 1500. 









sexta-feira, 27 de março de 2020

Pré-História

Os seres humanos têm um vasto conhecimento sobre as origens da nossa espécie. sabemos, por exemplo, que nossos ancestrais eram hominídeos,que habitavam a Terra há cerca de 7 milhões de anos. Centenas de cientistas, no mundo todo, participavam de estudos para descobrir como eram (seus aspectos físicos) e como viviam (aspectos sociais, culturais etc.). Para isso, analisam vestígios deixados pelos antepassados. Esses vestígios podem ser, por exemplo,  fósseis, ferramentas, esculturas, utensílios, restos de fogueiras, entre outros. 
O surgimento da espécie humana foi resultado de um longo processo, que se estendeu por centenas de milhões de anos e envolveu não só alterações físicas no corpo, mas também mudanças culturais, como o modo de viver e hábitos em geral. Entretanto, a ciência ainda não encontrou uma resposta precisa a respeito de como e quando o ser humano apareceu na Terra.

Estudos paleontológicos



Como seriam nossos ancestrais? Sabemos que a maior parte dos humanos mais antigos não existe mais. No entanto, pesquisadores encontraram vestígios de sua existência. Entre eles, destacam-se os fósseis
   Os fósseis fornecem pistas que permitem aos estudiosos construir hipóteses sobre o "percurso humano". É o que fazem as seguintes ciências:
* Paleontologia humana - estuda os fosseis dos corpos dos humanos antigos. Em geral, são ossos e dentes, que,por serem as partes mais resistentes, preservaram-se ao longo do tempo;
* Arqueologia - estuda os objetos feitos pelos seres humanos, como instrumentos de pedra e metal, peças de cerâmica, sepulturas, procurando descobrir como eles viviam. 

África, as nossas origens 



Para muitos historiadores, foi no continente africano que surgiram nossos primeiros ancestrais, visto que ali foram encontrados os fósseis humanos mais antigos.
Da África, nossos primeiros ancestrais teriam se deslocado, aos poucos, para outras regiões do planeta: Ásia, Europa, Austrália e América. Todos esse processo é objeto de pesquisas contínuas. 
Entre os primeiros hominídeos, estão os do gênero Australopithecus, termo que significa "macaco do sul". Viveram na África desde, aproximadamente, 4,5 milhões de anos. Caminhavam de pé (bípedes), em posição semiereta, tinham estatura média de 1, 20 metros, dentes molares relativamente resistentes e cérebro com volume médio de 570 cm³. Supõe-se que sua alimentação tenha sido baseada em vegetais, como gramíneas, raízes, sementes e brotos, mas acredita-se que algumas espécies de Australopithecus também se alimentavam de lagartos, ovos e pequenos mamíferos. A maior parte deles extingui-se há cerca de 1 milhão de anos. 

Gênero Homo

As análises de registros fósseis também indicam que, por volta de 2 milhões de anos atrás, a "árvore" da família dos hominídeos já apresentava outro ramo diferente dos Australopithecus. Trata-se das espécies do gênero Homo, que inclui os seres humanos atuais.
Entre as principais espécies de gênero Homo, estão o Homo habilis, o Homo erectus, o Homo neanderthalensis e o Homo sapiens

Homo habilis



* Período: viveu há aproximadamente 2 milhões de anos. 
* Local: África
* Volume cerebral: em torno de 700 cm³. 
* Alimentação: além de vegetais, incluía um pouco de carne.
* Habilidades: recebeu a denominação Homo habilis (que significa "homem habilidoso") porque, segundo os pesquisadores, fabricou os primeiros instrumentos de pedra e madeira. 

Homo erectus



* Período: viveu, aproximadamente, de 1,7 milhão até 300 mil anos atrás. 
* Local: habitou a África e dispersou-se pela Europa e Ásia, mas não chegou à América nem à      Austrália.
* Volume cerebral: cerca de 900 cm³.
* Alimentação: era onívoro, isto é, comia vários tipos de alimento. Além dos vegetais, a carne passou a ser muito importante em sua alimentação.
* Habilidades: foi a primeira espécie a construir instrumentos de pedra com, aproximadamente, uma dúzia de padrões mais definidos e identificáveis, como machados de mão, raspadores, facas etc.  foram os primeiros hominídeos a praticar a caça de forma organizada e a utilizar o fogo. 

Homo neanderthalensis (ou Homem de Neandertal)


* Período: viveu, aproximadamente, de 135 mil até 34 mil anos atrás. 
* Local: habitou vasta região do mundo, incluindo partes da Europa, do Oriente próximo e da Ásia. 
* Volume cerebral: cerca de 1400 cm³. 
* Alimentação: era onívoro. 
* Habilidade: desenvolveu uma série de instrumentos de pedra (como faca, raspadores e pontas de lança) e instrumentos de osso cuja construção exigia perfeito controle das mãos e conceito preciso do trabalho a ser realizado. Segundo alguns pesquisadores, possuía linguagem falada, cuidava dos idosos e doentes de suas comunidades e praticava rituais de sepultamento; provavelmente era mais forte e musculoso que a maioria das pessoas de hoje. 
* Outras características: apresentava algumas semelhanças com os seres humanos atuais (Homo sapiens), como o tamanho do cérebro, e com o Homo erectus, como caixa craniana com paredes grossas. 

Homo sapiens 



* Período: constitui a espécie da qual fizemos parte, cujas primeiras evidências arqueológicas foram encontradas na África e datam de cerca de 200 mil anos. Seus fósseis mais antigos encontrados na Europa têm cerca de 40 mil anos.
* Local: vivei na África, Ásia, Europa e migrou para a Emérica. 
* Volume cerebral: em torno de 1350 a 1400 cm³. 
* Alimentação: onívoro.
* Habilidade: desenvolvimento da consciência reflexiva, da linguagem falada e escrita, da técnica, da capacidade de expressão artística, do senso de moralidade.  
  

 Paleolítico




Paleolítico (da pedra antiga ou da pedra lascada) é o nome que se dá ao período da história humana que vai do aparecimento do gênero Homo, há cerca de 2 milhões de anos, até o início da prática da agricultura, ocorrido há cerca de 10 mil anos. 
O Paleolítico foi um período muito longo. Durante quase dois milhões de anos, os hominídeos foram se adaptando à natureza: em vez de conservar o fogo, que era ateado nas matas por raios, eles começaram a produzi-lo. Os artefatos produzidos também foram se aperfeiçoando, e os humanos criaram as primeiras manifestações artísticas. 

Primeiros instrumentos



Os seres humanos de diferentes regiões do mundo (África, Europa, Oriente Médio, Ásia, América) confeccionaram seus primeiros instrumentos utilizando madeira, ossos, chifres e pedras. A convecção e a utilização cada vez mais generalizadas de instrumentos são um dos principais fatores que distinguem os seres humanos dos demais animais.
Supõe-se que, inicialmente, os humanos utilizavam materiais como ossos, madeiras ou pedras da maneira que encontravam na natureza. Depois, a partir desses materiais, começaram a confeccionar objetos como facas, machados e arpões. Por fim, passaram a produzir instrumentos mais padronizados,seguindo modelos. De acordo com arqueólogos, esses parâmetros de produção identificam distintas culturas. 
Os instrumentos de pedra tiveram um papel relevante no Paleolítico. Eram utilizados, por exemplo, para arrancar plantas comestíveis, cortar e separar a casca do miolo dos frutos e confeccionar novos instrumentos.  

Alimentação e nomadismo 



No Paleolítico, os seres humanos ainda não produziam diretamente seus alimentos, isto é, não cultivavam plantas nem criavam animais. Consumiam o que encontravam natureza, como frutos, grãos e raízes, e o que caçavam e pescavam. Quando os alimentos de um local se esgotavam, os grupos humanos se mudavam para outro. Por essa razão, foram denominados grupos nômades caçadores-coletores. 

Controle do fogo



O controle do fogo foi certamente uma das maiores conquistas desse período, permitindo aos humanos suportar o frio, afastar animais perigosos e cozinhar alimentos.
No processo do domínio do fogo, supõe-se que os humanos, a princípio, procuravam manter aceso o fogo provocado ocasionalmente pelas forças da natureza (um raio, por exemplo). Posteriormente aprenderam a produzi-lo pelo atrito de pedaços de madeira, lascas de pedras etc. A partir de então, desenvolveram outros métodos. 

Abrigos e roupas



No decorrer do Paleolítico, grupos humanos em diferentes regiões do planeta também desenvolveram técnicas para se proteger dos rigores do clima. Construíram, assim, os primeiros abrigos e produziram as primeiras roupas, com peles de animais (couro). 
Além disso, foram aprimorando e diversificando produção de instrumentos e utensílios, como lanças, arcos, flechas, arpões, lâminas e anzóis.

Formas de organização social



Para melhor garantir a sobrevivência, diversas sociedades de caçadores e coletores estabeleceram modos de cooperação entre seus membros. Com isso, conseguiam, por exemplo, construir abrigos em menor tempo ou desenvolver táticas de de caça em conjunto. 
Supõe-se que também estabeleceram divisões de tarefas. Segundo os estudiosos, é possível que tenha ocorri do uma divisão de trabalho de acordo com o sexo e a idade. Geralmente, entre os adultos, os homens caçavam e as mulheres faziam a maior parte da coleta de alimentos e vegetais e cuidavam das crianças.    


Neolítico

No período Neolítico, as pedras utilizadas na produção de instrumentos começou a ser polida, sendo aprimorado o fio do de seu corte. Por esse motivo, o período também é conhecido como Idade da Pedra Polida, enquanto o Paleolítico é chamado de Idade da Pedra Lasca.

As sociedades agropastoris 



A partir de 8000 a.C., alguns povos de Neolítico passaram a cultivar plantas, (agricultura) e a criar animais (pastoreio). Começaram, assim, a produzir a própria alimentação. 
Os tipos de plantas cultivados pelos povos neolíticos variavam de uma região para outra, destacando-se espécies vegetais como trigo, centeio, cevada, milho, batata, mandioca e arroz. Os animais criados foram principalmente carneiros, cabras, bois porcos e cavalos. 
à medida que essas atividades foram priorizadas, muitas comunidades agropastoris acabaram adotando um modo de vida sedentário. Isso não quer dizer, no entanto, que as comunidades desse período abandoaram a coleta de frutos, a caça e a pesca. Acredita-se que, durante um longo período, elas não tiveram a agricultura e a criação de animais como formas predominantes para a obtenção de alimentos. A adoção do sedentarismo tampouco foi definitivamente ou uniforme, pois nem todas as comunidades abandonaram o nomadismo, isto é, o deslocamento constante para outras regiões. 
De qualquer forma, o novo modo de vida encontrado no Neolítico, que se caracterizou pelo desenvolvimento da agricultura, da criação de animais e das aldeias sedentárias, difundiu-se por várias regiões do planeta, mas em épocas diferentes. Ou seja, existiram núcleos de "neolitização" em diversas regiões do mundo, como no  Oriente Próximo, no norte da China, na região tropical da Ásia, na América do Norte (México) e na América Central. Alguns estudiosos costumam referir-se a esse processo como revolução agrícola. 
Dominando técnicas agrícolas pastoris, muitas comunidades puderam produzir mais alimentos do que o necessário ao seu consumo imediato passando, assim, a fazer estoques. 
Todo esse processo não foi brusco nem transcorreu sem problemas nas comunidades. Estima-se que, em certas regiões do Oriente Próximo e da América, nas fases inicias da agricultura, o predomínio de cereais na alimentação tenha provocado uma redução no tempo médio de vida das pessoas, devido a carências nutricionais. Além disso, o sedentarismo e o agrupamento de populações mais numerosas favoreceram a propagação de epidemias, pelo maior contato entre seus membros. 
No entanto, vista de forma ampla, a chamada revolução agrícola e pastoril contribuiu para o aumento da população humana.    

Inovações técnicas


Além do desenvolvimento técnico agropastoril, diversos povos do Neolítico também promoveram outras inovações.  

* Moradia - para viverem próximo dos rebanhos e das plantações e conseguir uma moradia mais durável, os povos do Neolítico começaram a construir casas utilizando madeira, barro, pedra e folhagem seca. O interesse por habitações desse tipo relaciona-se, portanto, ao processo de sedentarização dos povos neolíticos. 

* instrumentos de pedra - a pedra passou a ser polida, havendo uma série de aperfeiçoamentos técnicos em instrumentos feitos desse material, como faca, machados, foices, enxadas e pilões. 

* cerâmica - a necessidade de cozinhar e armazenar os alimentos levou diversos povos do Neolítico a desenvolverem a técnica de dar forma à argila e aquecê-la no fogo para produzir os primeiros vasos e potes cerâmicos - recipientes que suportavam o calor do fogo e podiam conter líquidos. 
* tecelagem - vários grupos humanos começaram a fiar e a tecer, utilizando pelos de animais e fibras vegetais. Surgiram, assim, as primeiras vestimentas de linho, algodão e lã. As roupas, que até então eram feitas principalmente com peles de animais (couro), passaram a ser mais elaboradas. 
  

Metalurgia



Por volta de 4000 a. C., as primeiras sociedades urbanas do Oriente Próximo começaram a desenvolver a metalurgia, ou seja, a utilização sistemática de metais para a fabricação de objetos. 
Os metais, muitas vezes, eram extraídos de terras distantes das oficinas metalúrgicas. 
O primeiro metal a ser fundido em larga escala foi o cobre. Posteriormente, a partir da mistura do cobre com o metal estanho, conseguiu-se o bronze. Essa liga metálica, mais resistente que o o cobre, foi empregada na fabricação de instrumentos como espadas, lanças e martelos. 
Por volta de 1500 a. C., alguns povos desenvolveram a metalurgia do ferro, e a nova técnica foi difundida por várias cidades do Oriente Próximo, entre outras regiões. 
Os instrumentos feitos de ferro possibilitavam aumento da produção agrícola e do artesanato. No entanto, objetos de pedra, como a ponta das setas e as raspadeiras, continuaram sendo amplamente utilizados. 
O desenvolvimento da metalurgia representou enorme conquista tecnológica, pois possibilitou a produção de instrumentos e objetos resistentes, das mais variadas formas. 
Os metais, em geral, são tão duros quanto a pedra, mas podem ser modelados na forma que se desejar, ou seja, podem ser fundidos. A fusão do metal tornou possível a confecção de objetos como panelas, vasos, enxadas, machados, pregos, agulhas, facas e lanças de metal. 
 O trabalho metalúrgico exigiu habilidade, conhecimentos especializados e disponibilidade de tempo.   








terça-feira, 24 de março de 2020

Nossas origens


Desde os tempos mais antigos, afim de dar um sentido à sua existência, os seres humanos buscam compreender os mistérios que estão por trás de suas origens. A diversidade de mitos demonstra a necessidade de o ser humano explicar o surgimento de mundo e da humanidade. Essas narrativas são passadas de geração para geração e podem empregar uma linguagem figurada poética. 
A maioria dos mitos é utilizada para explicar as origens de tradições religiosas e também para justificar valores e normas sociais. Muitos mitos costumam atribuir o surgimento da vida a um criador. Os elementos utilizados para essa criação, como a água, o fogo, a terra e até alimentos (milho, trigo, mel), variam conforme as características de cada povo. 
Para outras culturas, o surgimento da humanidade de correu a partir de uma animação da matéria, por meio da palavra ou do hábito de uma divindade suprema. essa última perspectiva é a mais próxima da tradição judaico-cristã, predominante na sociedade ocidental.   
Nos Vedas, por exemplo, os seres humanos surgiram do sacrifício do deus Purusha, originando os diversos grupos, que posteriormente formaram as castas indianas. 
 Nos mitos iorubas, a criação da vida é associada ao orixá (divindade) Oxalá. Utilizando terra e água, ele modelou os primeiros seres humanos. Na tentativa de compreender a existência humana e do próprio mundo, muitos povos estruturaram complexas cosmogonias (teorias da formação do mundo). 
As narrativas sagradas de diversas culturas se perpetuam, presentes em livros como a Bíblia e a Torá, Outras são transmitidas pela tradição oral. 
Além dos mitos, os vestígios materiais encontrados e estudados pelos pesquisadores auxiliam para desvendar o passado distante. 

Evolucionismo


Com os dados recolhidos em quase quatro anos de de viagem, Darwin formulou sua teoria, a qual revolucionou o conhecimento sobre os seres vivos. Na obra A origem das espécies, publicada em 1854, defendeu a ideia de que todas as espécies vivas têm uma origem comum. 
Segundo ele, um longuíssimo processo de evolução seria a causa da grande variedade de espécies vivas existentes em nosso planeta.  Nesse processo que teria levado muitos milhões de anos, a seleção natural seria responsável pelo surgimento de espécies distintas. 
As ideias de Darwin revolucionaram o conhecimento científico, gerando enormes polêmicas em sua época, sobretudo por entrarem em contradição com ensinamentos e crenças religiosas. 
Os principais opositores à teoria darwinista, na atualidade, são os criacionistas. Para eles, a explicação correta sobre a origem do universo e dos seres vivos é a da versão do Gênesis (primeiro dos cinco livros da Bíblia e da Torá judaica).

 Outros pensadores expandiram o sentido das teorias de Darwin para além da biologia. Ainda no século XIX, alguns filósofos e cientistas sociais, como Herbert Spencer (1820-1903) e William Graham Summer (1840-1910), pensaram a sociedade também como organismo vivo. Esse pensamento ficou conhecido como darwinismo social
Desse modo, buscava-se justificar por que a situação de certos povos ou nações era mais próspera que a de outros. Essas ideias coincidiram com o auge do imperialismo europeu no século XIX. O evolucionismo social serviu também para a construção de uma hierarquia da civilização, reafirmando a superioridade da Europa, Continente ao qual se atribuía todo o progresso da humanidade. As demais culturas eram consideradas inferiores ou atrasadas. 
Um pouco mais tarde alguns pontos da Teoria evolucionista foram utilizados na elaboração de muitas teorias racistas, segundo as quais cada raça, identifica com base em sua aparência e anatomia, teria certo número de capacidades e atributos morais.  
    

Associadas às pesquisas médico-biológicas do período, as teorias eugenistas, que propunham o melhoramento das raças, tornaram o racismo ainda mais intenso. Com base na eugenia, não se estabelecia apenas o desejo da ascensão das "raças superiores", mas também o seu aperfeiçoamento por meio da esterilização dos portadores de deficiências físicas e mentais, mendigos, etc. e pelo estímulo à reprodução daqueles considerados mais fortes, belos e saudáveis. 
É essencial perceber que o racismo não é fruto somente das teorias científicas formuladas no passado. Nos séculos XVIII e XIX, várias sociedades, como a brasileira e a norte-americana, estruturavam-se como base na escravidão racial, justificada com argumentos de cunho religioso. Produziu-se, assim, uma mentalidade preconceituosa, que ainda não foi definitivamente superada. Todavia, nem os textos religiosos e nem a teoria da Origem das Espécies podem ser responsabilizadas diretamente pelo racismo. 
Atualmente, a discriminação racial, chamada de "racismo", não apresenta nenhum embasamento científico e é considerada um crime inafiançável no Brasil e na maioria dos países.
Grande parte da comunidade cientifica, através da análise das diversas sociedades, prefere o termo "etnia", visto que o mesmo é um conceito cultural que representa um grupo com certa unidade de língua, religião, costumes, etc. A cultura deriva da capacidade humana de criar e responder aos desafios impostos pela natureza. Cada grupo é responsável pela construção de seu próprio complexo cultural, de modo que não existem culturas superiores ou inferiores.       





terça-feira, 17 de março de 2020

Introdução ao estudo de História.


Muitos entendem que estudar História serve apenas para conhecermos fatos ocorridos no passado e sem qualquer relação com nossa realidade. Porém, o estudo de História vai muito além disso. 
Para que se possa fazer uma análise mais completa do presente, é importante saber e refletir sobre a sequência e o encadeamento da fatos históricos, as conjunturas econômicas, sociais e políticas e as visões de mundo de determinada época que se relacionam com as realidades atuais. 

O que é História?

 História é uma palavra de origem grega "historie" e significa "conhecimento através da investigação". A História como ciência investiga o passado da humanidade e sua evolução, tendo como referência um lugar, uma época, um povo ou um indivíduo específico.

Por que estudar História? 

A história como área do conhecimento estuda as produções culturais desenvolvidas ao longo do tempo. A cultura inclui tudo aquilo que fazemos em termos materiais e imateriais. Abrange línguas, instrumentos, saberes, costumes etc. 

Para que serve estudar História?

Os historiadores investigam o que mulheres e homens fizeram, pensaram e sentiram no decorrer de suas vivências, no cenário de suas culturas. É função dos historiadores interpretar as experiências humanas ao longo do tempo. Refletindo sobre essas interpretações, podemos adquirir consciência dos feitos passados  para, através da compreensão do presente, projetarmos o futuro. 
Refletindo historicamente, é possível perceber que a realidade social é uma construção cultural dinâmica que está sempre disponível a mudanças. 
A História e o historiador, não pregam uma verdade absoluta. Fatos e acontecimentos históricos são passíveis de novas visões e interpretações. 
Para explicar os fenômenos históricos, os historiadores interagem com outros campos de conhecimento, como a Antropologia, a Filosofia, a Linguística e a Sociologia. 

Fontes históricas

As fontes históricas podem ser classificadas de várias maneiras: recentes ou antigas, privadas ou públicas, representativas da cultura material ou imaterial etc. Podem ser classificadas também em fontes históricas escritas ou não escritas: 
 *Fontes escritas - cartas, letras de canções, livros, jornais, revistas, documentos públicos ou particulares.
*Fontes não escritas - registros da cultura material, como vestimentas, armas, utensílios, pinturas, esculturas, construções, músicas, filmes, fotografias, depoimentos orais etc. 
Durante muito tempo (século XIX) as principais fontes ou documentos históricos utilizados pelos historiadores eram os textos escritos, sobre tudo os de origem oficial, emitidos pela administração do estado: certidões de nascimento, atestados de óbito, acordos diplomáticos, cartas entre governantes, leis, normas jurídicas etc.
Os historiadores valorizavam bastante essas fontes escritas. Acreditavam que havia uma verdade absoluta sobre o passado. Partindo da pesquisa e do estudo, buscavam fornecer uma versão única e definitiva de um acontecimento.
Hoje os historiadores consideram a existência de vários relatos para um mesmo acontecimento. Reconhecem que há muitos pontos de vista diferentes sobre o mesmo fato. Todos são parciais porque mostram a visão de cada grupo, como cada um olhou a mesma situação e a avaliou com base em seus critérios e interesses.
Essa mudança provocou uma reviravolta no estudo da história. Não se valoriza tão somente a visão das elites, daqueles que escreviam os documentos oficias, mas dos operários, mulheres, crianças, escravos, indígenas... as vozes desses novos personagens aparecem em muitos tipos de fontes além das escritas: desenhos, pinturas, fotografias, lendas... 
Tudo e todos passaram a produzir o conhecimento histórico.  

Sujeito histórico

Por muito tempo foi considerado somente pessoas consideradas "importantes", como reis, generais e políticos. Acreditava-se que somente personagens de destaque determinavam os rumos da história. 
Nas ultimas décadas, porém, os historiadores mudaram essa concepção e passaram a considerar sujeito histórico toda pessoa que, individualmente ou em grupo, participa do processo histórico.        

Tempo histórico


Tempo cronológico é o tempo definido pelos relógios e calendários. Os historiadores se utilizam do tempo cronológico para marcar os fatos históricos. 
O tempo histórico relaciona-se à duração dos fatos históricos, que pode ser de curta, média ou longa duração. Os fatos de curta duração correspondem a um momento preciso, como o nascimento ou morte de uma pessoa, uma greve ou assinatura de uma lei. Estes fatos referem-se, principalmente, ao plano político, como um golpe de Estado ou a renúncia de um presidente. 
Os fatos de média duração referem-se a conjunturas políticas ou econômicas, como o período de intervenção civil-militar no Brasil (1964-1985) ou a Guerra Fria (1945-1991), geralmente situações vivenciadas por uma geração. Os fatos de longa duração se ocupam de comportamentos coletivos enraizados, de crenças ideológicas e religiosas, articulando-se à história cultural e das mentalidades. São exemplos desse tipo de fato a presença do cristianismo no mundo ocidental e proibição do incesto. 

Periodização da História

Para facilitar os estudos do passado, alguns historiadores dividiram o tempo histórico em cinco períodos, tomando como base a história europeia. 
*Pré-história - 2 milhões de anos. Aparecimento do gênero Homo. 
*Idade Antiga - 4.000 a.C. Invenção da escrita.
*Idade Média - 476 queda do Império Romano do Ocidente. 
*Idade Moderna - 1453 tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos. 
*Idade Contemporânea - 1789 Revolução Francesa. 

Não existe um único calendário para todos os povos. Cada um tem sua própria forma de marcar o tempo, que geralmente se relaciona a um acontecimento importante para a sua cultura. 
Os cristãos, por exemplo, baseiam o calendário que adotam no ano do nascimento de Cristo. Esse acontecimento marca o primeiro ano do calendário cristão. Os anos anteriores ao nascimento de Cristo são contados de forma decrescente e vêm acompanhados da sigla a.C. (antes de Cristo). Os anos posteriores ao nascimento de Cristo são identificados com a sigla d.C. (depois de Cristo). Nesse caso, no entanto, não é necessário colocar a sigla após o ano. 
No judaísmo, o calendário se inicia na data em que, para os judeus, deus criou o universo. Esse fato teria ocorrido no ano 3760 a.C. do calendário cristão. 
Para os muçulmanos, o marco inicial do calendário é a fuga do profeta Maomé de Meca para Medina, ocorrido no ano 622 do calendário cristão. 
outros povos também criaram seus calendários. Os maias, que habitavam o sul do México e parte da América central, por exemplo, usavam dois calendários. Um era religioso e tinha 260 dias. O outro era solar, com 365 dias. 
Muitos povos indígenas que vivem na Amazônia brasileira também desenvolveram seus próprios calendários. Alguns grupos marcam o tempo observando as constelações, as fases da Lua e os fenômenos naturais, como as cheias dos rios e as secas. Com base então, nos ciclos da natureza, essas comunidades planejam as épocas do plantio, da colheita, da pesca e dos rituais religiosos. 

O século: conjunto de cem anos

O calendário cristão pode também ser organizado em séculos. O primeiro século da era cristã estende-se da data estimada para o nascimento de Cristo (ano 1) até o ano 100. 
Para descobrir o século, podem ser utilizadas duas operações: 
*Se o ano caba em 00, basta eliminar os zeros e temos o século. 
Desta forma: 
1400 = século 14 ou IV;
1700 = século 17 ou XVII;
2000 = século 20 ou XX. 
* Quando o ano não termina em dois zeros, retiramos os dois últimos algarismos e somamos um (+1) ao número que sobrar. 
Desta forma: 
1595 = 15 + 1 (século 16 ou XVI);
746 = 7 + 1 (século 8 ou VIII); 
2017 = 20 + 1 (século 21 ou XXI). 
O dia e o ano são unidades de tempo baseadas na natureza. O dia corresponde, aproximadamente, ao tempo que a Terra leva para dar uma volta completa em torno de si mesma (movimento de rotação). O ano corresponde ao tempo em que a Terra leva para dar uma volta completa em torno do Sol (movimento de translação). O século, ao contrário, é uma unidade de tempo que não corresponde à duração de nenhum fenômeno da natureza. Ele é muito utilizado pelos historiadores para localizar acontecimentos sobre os quais não se tem uma data precisa.